
Prêmio AsBEA / 2016
Menção Honrosa
equipe:
arq. luciano cersósimo
arq. tomohiro ishida
área do lote: 513 m²
área edificada: 422 m²
O lote de esquina, com 513 m², tem declividade no sentido norte e descortina uma privilegiada vista da região, ainda pouco edificada. A regulamentação do condomínio determinou à adoção da cota mais alta como a de acesso à casa. Estipulava ainda uma série de parâmetros que mostraram-se bastante restritivos, entre eles: gabarito, altura de muros e posição das áreas de lazer. A partir de então, a topografia, insolação e vistas passaram a nortear o agenciamento do programa de necessidades. O partido dispôs as áreas íntimas no pavimento superior, as áreas de serviço e sociais em um pavimento intermediário e as áreas externas e de lazer acomodadas ao terreno em cotas inferiores. Dessa forma, minimizou-se a movimentação de terra, taludes e muros de arrimo, e permitiu-se a disposição dos espaços respeitando suas características e vocações inerentes. A solução resultou em uma implantação pouco convencional, que diverge da padronização presente nos condomínios fechados que se instalaram em cidades periféricas às grandes metrópoles.
O pavimento superior ocupa praticamente toda a área compreendida entre os recuos obrigatórios exigidos, mas permite que nos níveis inferiores, as áreas internas e externas se acomodem de forma fluída e ininterrupta em toda área do lote. O arranjo conforma um pátio escalonado coberto entre a casa e as áreas de lazer. Este pátio, além da interiorização do convívio, permite a expansão da residência através dos sucessivos planos de pequenas variações, dominando de forma pragmática a topografia acidentada e ampliando a ocupação até a cobertura do pavilhão de lazer.
A partir da rua lateral (pela a qual não é permitido qualquer tipo de acesso ao lote) a casa emerge como dois prismas levemente deslocados e entrepostos por um grande vazio. O volume superior apoia-se em um único pilar central, projetando-se em balanço em direção às visuais. Um segundo volume, de geometria e materialidade distintas, emerge do solo até englobar o superior. O caráter da edificação é dado, sobretudo, pelo espaço vazio entre os dois, que configura-se como o core dos espaços da residência. As formas geométricas reduzem a configuração a poucos elementos, de imagem sólida e robusta, mas permeada por amplos vazios. Essa configuração explora as tensões entre peso e leveza, entre opacidade e transparência, e resulta em uma composição balanceada esteticamente e bem resolvida funcionalmente.
Por outro lado, o projeto também procura, através de sua concepção formal, a coincidência expressiva entre o agenciamento funcional dos espaços e a concepção estrutural. O pórtico estrutural que delimita perifericamente os espaços dos níveis inferiores, também concede o travamento necessário às estruturas do bloco superior. Este, além de estruturado no próprio pórtico, tem apoio em somente mais dois pontos, sendo o pilar externo o expoente da intenção de desobstruir ao máximo as áreas externas e de lazer da casa. O ponto central da intersecção entre os dois volumes, configura o espaço de acesso à residência, e a partir desse ponto distribuem-se os demais ambientes da casa.